“Não entendo como
alguém pode ficar feliz enquanto cozinha? Como pode ficar sorrindo e saltitando
pela cozinha, como nos programas de culinária? Isso não existe!”. Foi assim que
a Beth falou enquanto estávamos preparando o almoço de domingo. Achei
interessante e divertida a colocação dela, mesmo porque ela adora ir para a
cozinha e preparar almoços para receber os amigos, mesmo assim diz que não
gosta e nem sabe cozinhar, que se atrapalha na cozinha. Acho que se não
soubesse fazer isso bem, não haveria tantas pessoas dispostas aos seus
convites.
Eu adoro
cozinhar! Para mim, o ato de preparar uma comida é uma arte, nele podemos
expressar nossos sentimentos. Quando estou feliz fico com vontade de cozinhar,
quando estou triste também, quando estou ansiosa não só quero cozinhar como
quero comer, quando sinto medo ou tenho preocupações vou para a cozinha, na
esperança de esquecê-los. Inclusive não
posso assistir programas de culinária na TV por muito tempo, morro de vontade
de “meter a mão na massa”, mesmo não estando com fome.
Gostei quando
um amigo me chamou de “arquiteta dos sabores”, sou arquiteta, mas não tenho hoje
muita paciência para as tintas e pinceis, prefiro os temperos e as panelas,
minhas manifestações artísticas precisam ir além do prazer visual. Precisa ser
sentida, precisa ter também cheiro e sabor e, principalmente, ser compartilhada.
Por isso também entre a arte contemplativa e a arquitetura vivenciada, eu
prefiro a arquitetura, em sua estrutura formal, sem os adornos ainda tão
valorizados, prefiro os espaços para convivência, os espaços que nos dão
prazer. Mas sobre o prazer dos sabores, Rubem Alves já disse em seu livro “Variações
Sobre o Prazer”, que o objeto contemplado pela visão nos dá o prazer do belo,
mas está distante, não pode ser comido, não nos dá vida. Diz ainda que, “a
grande tristeza da vida humana, que começa na infância e continua até a morte é
que ver e comer são duas operações diferentes”. Gosto dessa sinestesia que a
arte culinária proporciona.
Voltando à
colocação inicial da Beth, eu entendo como podemos ficar felizes na cozinha, porque
cozinhar vai além das sensações. O ato culinário envolve a visão por pensarmos na
apresentação final do prato; o tato quando usamos as mãos para temperar uma
carne ou sovar uma massa e não me perguntem sobre luvas, não uso, mão de
cozinheira é sempre limpa; envolve o olfato na escolha dos temperos e no
processo de assar ou fritar que liberam aromas deliciosos; a audição quando
escutamos o frigir dos refogados e o estalar dos assados e, por fim, o paladar
quando podemos nos deliciar com a finalização de todos os sentidos anteriores,
quando brindamos nossos sentidos com o a premiação do prazer dos sabores. Que bom
seria se tudo que fizéssemos na vida nos permitisse usar todos os nossos
sentidos!
Já que estamos
falando sobre comida, vou agora preparar uma mousse para o almoço de amanhã na
casa da Beth, fiquei de levar a sobremesa. E aproveito para compartilhar a
recita aqui com vocês... aproveitem todos os sentidos!
Mousse Romeu e
Julieta
Bata no
liquidificador:
1 lata de creme de leite
1 lata de leite condensado
1 copo de iogurte natural
1 copo de requeijão
1 pacote de gelatina incolor em pó (dissolva em ¼ de xícara de água,
espere 5 minutos, coloque por 15 segundos no microndas para derreter)
50 gr de queijo parmesão ralado
Coloque em forma de buraco untada com óleo de milho e leve para a
geladeira por 6 horas. Desenforme e cubra com:
200 gr de goiabada mole (se não encontrar pronta derreta a goiabada picada
em uma panela com ½ xícara de água, mexendo até virar um creme)
Eu recomendo!! Minha sobrinha maravilha, entende de tudo!!
ResponderExcluirJá fiz e ficou delícia!!